Após ser preso por uma briga de pequenas proporções, um homem foi estuprado por companheiros de cela da prisão. Solto, dois dias depois, jurou vingança e matou quatro dos presos que participaram da ação. A história verídica, que aconteceu com na cidade de Santos, litoral de São Paulo, deu origem à elogiada montagem “Barrela”, do também admirado dramaturgo Plínio Marcos. Encenada pelo Grupo Nós do Morro, do Rio de Janeiro, a peça vai ser apresentada no próximo dia 28, às 20h, no Cine Teatro São João, São João da Barra. Enaltecida pela crítica desde a estréia em 2009, a montagem foi contemplada no edital Circuito Estadual das Artes – 2010, da Secretaria Estadual de Cultura. A peça seria apresentada em São João da Barra em novembro do ano passado. No entanto, foi cancelada em virtude dos atos de violência organizada ligada ao narcotráfico na cidade do Rio de Janeiro, que se sucederam naquele período.
Primeira peça de Plínio Marcos, a montagem surgiu quando o dramaturgo se chocou ao ouvir o relato. Ele decidiu contar a história em forma de diálogo, imaginando situações ocorridas antes, durante e depois do episódio do estupro.
Dirigida por Paulo Giannini, a montagem do grupo do Vidigal mantém as características do original e revela de forma crua a realidade carcerária do país. A única alteração dada pelo Grupo à montagem original é a inclusão de um coro de atores para reforçar a idéia de superlotação. Barrela - que significa curra na linguagem carcerária - teve uma única apresentação em 1º de novembro de 1959, quando foi proibida pela Censura Federal. Considerado forte e inadequado, o texto permaneceu censurado por 21 anos, sendo, enfim, montado em início dos anos 1980.
Segundo o diretor Giannini, a genialidade de Plínio Marcos rendeu diálogos que parecem brotar das entranhas dos personagens. Ele fala sobre o poder entre os homens, que está em jogo sempre; sobre a reinvenção da ordem onde não há ordem; e sobre o ser humano enjaulado prestes a enlouquecer por terem tirado sua liberdade de se refazer, reaprender, renascer.
Nós do Morro – O Grupo Nós do Morro é uma associação cultural sem fins lucrativos fundada em 1986 com objetivo de proporcionar o acesso à arte e à cultura para a população do Morro do Vidigal, no Rio de Janeiro. Sua trajetória é repleta de realizações, construídas a partir de uma filosofia de valorização do convívio coletivo, respeito à diversidade, solidariedade e busca da autonomia. A qualidade da ação cultural desenvolvida pelo Nós do Morro obteve o reconhecimento da crítica e do governo brasileiro. Destacam-se entre os prêmios recebidos a Ordem do Mérito Cultural e o Prêmio Escola Viva, concedidos pelo Ministério da Cultura, a Menção Honrosa da UNESCO e a recente indicação para o Prêmio Shell 2009, pela Direção de Movimento e Trilha Sonora do espetáculo Machado a 3x4. Em 2009 o Grupo lançou o livro "Nós do Morro 20 Anos".
Ficha Técnica
Texto: Plínio Marcos
Direção e Cenografia: Paulo Giannini
Iluminação: Márcia Francisco
Figurino: Grupo Nós do Morro
Preparação Vocal: Leila Mendes, Alessandra Penna e Rachel Vitalino
Operador de Luz: Luã Batista
Programação Visual: Auge Design
Fotos: Arthur Sherman
Produção Executiva: Martha Avelar
Assistentes de Produção: Luciana Rodrigues, Zé Mário Farias, Sandro Matos, Marcello Melo e Luís Delfino
Direção de Produção: Zezé Silva
Diretor Artístico do Nós do Morro: Guti Fraga
Realização: Grupo Nós do Morro
Promoção: Rede Globo e Clube do Assinante O Globo
Apoio: Approach, PdvTech, Buffet Talher de Ouro, Rede Varejão, Magnífica, Auge Design e Le Pain Du Lapin.
BARRELA
Data e Hora: 28/01 às 20h
Entrada: 01 kg de alimento
Classificação: 18 anos
Apoio e Patrocínio: Prefeitura de São João da Barra e Governo e secretaria de cultura do estado do Rio de Janeiro.
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